Já está passando nos cinemas de BH o novo filme de Roberto Moreira ” Quanto dura o amor?”. Pra quem não sabe, Roberto também dirigiu “Contra todos”, aclamado drama reconhecido como a produção brasileira que mais recebeu prêmios em 2004. Em “Contra todos” o diretor mostra a rotina de uma família na periferia de São Paulo abordando temas muito próximos da realidade.
Em seu novo projeto, Roberto não muda tanto o foco, só que dessa vez ele muda o nicho. Conta a história de Marina (Silvia Lourenço), que como tantas outras pessoas, deixa sua vida no interior para tentar a sorte na cidade grande. Até aí nenhuma novidade, o filme adquire novos contornos quando coloca em questão a diversidade sexual. Além de Marina também somos apresentados a história de Suzana, uma transexual que teme pelo relacionamento com colega de trabalho, por quem está apaixonada, quando contar a verdade. Outras formas de amor são abordadas no filme, bissexualismo, relação a três e até um amor platônico de um escritor por uma prostituta. Dá pra ver logo pela sinopse que Roberto quis mesmo ir contra os tabus, trazendo para a realidade situações que hoje são mais comuns do que se pensa.
Segundo o site Dykerama a personagem transexual (Suzana) é interpretada por uma transexual. Maria Clara Spinelli foi submetida a cirurgia de redesignação sexual. O detalhe é que a atriz quase recusou o papel porque tinha receio que seu trabalho fosse desqualificado e não fosse entendido como interpretação.
A trilha sonora e a fotografia dão o tom alternativo ao filme, que tem como música tema “High and Dry” do Radiohead. Segundo o diretor a escolha pela banda foi um consenso entre toda a equipe e elenco. Os tramites da negociação sobre o direito de usar a música durou um ano e só foi liberado após a banda assistir uma versão quase finalizada do filme.
Já foram avaliadas como excelentes as atuações de Maria Clara (Suzana) e Silvia Lourenço (Marina), e sobre a cena de sexo entre Marina e Justine (Danni Carlos) os comentários foram positivos, a cena foi pontuada com bastante realismo e sem apelações para clichês, que geralmente estragam esse tipo abordagem.
A única coisa que, a priori, posso reclamar, é sobre ter Paulinho Vilhena como parte do elenco. Na minha opinião, esse tipo de escolha, soa como uma tentativa de deixar o filme com um tom mais comercial. Não gosto do trabalho de Paulo Vilhena, nem mesmo em novelas,e não acho que ele passe o tom de realidade que o filme exige. Enfim, tirando esse meu pequeno preconceito, ainda assim verei o filme.
Achei o trailer super fraquinho, tomara que o filme seja mesmo bom como tem sido comentado. O filme recebeu o prêmio no festival de Paulínea, Melhor Atriz, para Maria Clara e Silvia.